quinta-feira, 28 de julho de 2011

O VENTO...

Queria ser gaivota
E voar, voar…
Voar sem destino
Ao encontro do espaço
Dos sonhos por realizar.
Atravessar o mar,
Ao encontro do horizonte
Perder-me na bruma
Voar…voar!!!
Mas não tenho asas
Os sonhos passam apenas
Na minha imaginação
E no correr da caneta
Ao longo do papel.
O som do vento, sopra, sopra
Peço ao vento que me traga o Amor
Mas o vento só sopra…
Gelando-me o rosto!

terça-feira, 26 de julho de 2011

A Rocha da Saudade…

Há momentos únicos na vida, quando as revelações nos tomam de surpresa!
Olhei aquela rocha vezes sem conta e senti a saudade pairar no ar…
Por ali andavam recordações que fizeram parte de vidas e pensei nas cinzas lançadas ao mar, numa madrugada!
Uma dor minimizada pelo tempo que passou, numa saudade que ficará para a vida.
Um amor bonito que o destino separou, mas cujas marcas ficaram indeléveis para sempre.
Um dia voltarei àquela praia, pisarei aquela  rocha e direi baixinho, para o mar que as cinzas levou…todos temos saudades tuas!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

MAR DE PALAVRAS...

Vagueio num Mar de Palavras
E sinto a saudade morna
Saudades da Paz em mim...
Do presente sem sentido,
Do Futuro incerto.

Sinto a falta de um olhar sorridente
Numa boca silenciosa
Onde o meu nome
Fosse ouvido num murmúrio
Como um suspiro!

Deixo-me abraçar pelo silêncio
E sossego-me
Deixando o pensamento voar
Como gaivota em rodopio,
Mergulho...e deixo-me ficar
Na agitação do meu Mar de Palavras! 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O REGRESSO…

Regressei, depois de tantos anos de ausência e saudades…
Sensação única… o corpo liberto beijado pelo sol, os pés caminhando lentamente enterrando-se na areia macia!
Sento-me a olhá-lo, a cheirar a maresia e a vê-lo ondulante e verde no seu vai e vem.
Quedo-me a amar aquela imensidão…
Perdi-me no tempo!
Depois, pé ante pé, aproximo-me para de novo o sentir. A espuma rendilhada beija-me, e eu com uma lentidão letárgica deixo-o avançar gelado e desassossegado em mim, centímetro a centímetro, sentindo as lágrimas rebeldes misturarem-se com os salpicos salgados.
Abraçada por ele, deito-me e deixo-me levar ao sabor da ondulação, numa cumplicidade antiga, meu Mar, amante e confidente, a ele tantas vezes confessei sonhos por realizar, desejos escondidos…
De novo ele me ouviu e guardou…lavando-me as mágoas e deixando-me a alma leve.
Regressei de novo ao Mar, para não mais o deixar!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

UM PEQUENO ALMOÇO…

Faço todos os dias o mesmo caminho, passo estugado, sem tempo para reparar em nada que não seja na hora de entrada para fazer 7 horas em frente a um pc com dezenas de papeis à volta…
Quando me levanto penso, mais 1 dia igual… mais do mesmo…como eu gostava de não ouvir este despertador às 7,30h, para cumprir um ritual já lá vão 42 anos!
Tanta coisa bonita para me preencher e não vejo a hora de pelo menos tentar fazê-las.
Mas hoje nada foi igual…ao andar naquela rua cheia de gente apressada, indiferente e de rostos fechados, ouvi uma vozita a dizer num português atabalhoado – TENHO FOME..AJUDA - .
Parei, aquela voz angustiou-me e procurei com o olhar o sítio de onde vinha aquele apelo!
E viu…meio palmo de gente – não tinha mais de 5 anitos – sujo, uns olhos enormes, suplicantes e doces, mas com uma tristeza que doía.
Fui ter com ele e perguntei-lhe, tens fome? (pergunta palerma a minha, mas é o que vem a cabeça na altura), disse que sim com a cabecita.
Pensei, que se lixem as horas… peguei-lhe na mãozita pequena e lembrei-me das mãos da minha filha, quando senti o calor daquele aperto na minha…
Levei-o para a pastelaria, onde tinha tomado o café momentos antes e pedi um copo de leite, uma sandes e um bolo – e ele agarrado à minha mão –.
Enquanto a empregada preparava o que eu tinha pedido, sentei-o numa mesa, e ouvi em jeito de critica de uma cliente atolada em pulseiras …”este País é um caneiro, caem cá os maltrapilhos todos de leste”…aquela criança não era portuguesa, porque perguntei-lhe o nome e ele não deve sequer deve ter percebido, provavelmente apenas lhe ensinaram 3 palavras…TENHO FOME – AJUDA!
Não respondi à criatura, mas não sei que olhar fiz, que ouvi alguém dizer “aquela se fala mais, leva”, vontade não me faltou de dar um estalo naquela perua, mas a comida chegou à mesa e eu sentei-me a beber outro café e a ver a sofreguidão com que aquele pequeno almoço era devorado…
E lentamente aqueles olhar enorme e doce, sorriu, não foi a boca, foram os olhos!
Aqueles olhar falava e sorria… Meu Deus o que uns olhos tão tristes minutos antes conseguiam transmitir ao sentir o conforto dos alimentos…
Tirei-o da rua em silêncio e voltou a rua em silêncio com um beijo e um pequeno almoço, só os olhos falaram devolvendo o amor que tinha acabado de receber.
Aquele catraio não me sai do pensamento…Deus permita que eu o possa voltar a ajudar de novo.
Apenas consigo pensar…”E AS CRIANÇAS SENHOR, PORQUE LHES DAIS TANTA DOR, PORQUE PADECEM ASSIM!!!”.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Acto de Contrição...

É doloroso o medo de sermos rejeitados, de nos agarrarmos a pequenos nadas que nos façam crer que somos amados. Tentamos acreditar que valemos alguma coisa para alguém..., mas o tempo passa e tudo se resume a um silencioso vazio, e a Vida que é como uma flor delicada, vai morrendo lentamente...
"Tenho saudades tuas...", "sinto a tua falta..." são pequenos sussurros ansiados que  confortavam na hora quieta e mansa do adormecer!
Somos aquilo que plantamos, que semeamos, mas por vezes a falta de jeito com que o fazemos reduz-nos a um imenso vazio, sem retorno!
Há bons professores que não conseguem explicar nem fazerem-se entender, por muito que saibam...
Há corações imensos, cheios de amor que ninguém entende, nem sabem ser interpretados, nascem e morrem sem correspondência... 
A sedução é um dom que se lê nas entrelinhas do que lemos, mas esse dom, Deus não me deu!
Li algures..."Um dia a lágrima disse ao sorriso, invejo-te por seres feliz! Então o sorriso respondeu-lhe: - Enganas-te, porque muitas vezes sou o disfarce da tua dor!..."
Eis o palco em que me movo, milhões de sorrisos para disfarçar uma imensa sensação de fracasso...
Restam-me memórias, e diariamente relei-o dolorosamente mensagens de um tempo que eu julgava eterno...
"Creio em ti. Creio no teu sorriso, janela aberta para o teu ser. Creio no teu olhar, espelho da tua honestidade. Creio na tua mão, sempre estendida para dar. Creio na tua palavra, espelho do que te vai na alma.Creio em ti com simplicidade, na eloquência do teu silêncio..."
O que é que eu fiz de mim??? Num acto de contrição, faço um "mea culpa" das saudades imensas apertadas na garganta, dos momentos felizes que um dia vivi!!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

.......................

Eu gritei
Um grito que não tinha som

Um grito só para ti
Reflexo de um sonho
Perdido na distância

Um grito Sussurrado
No silêncio da noite
De uma Vida
Para Além da vida

Mas o grito, não foi ouvido
E tudo perdeu importância
Num caminhar altivo
Pouco importa o lamento

Tu sabias
Ouvir no silêncio
O grito dos inocentes

"Mea Culpa"
Do grito do desespero
Que vai deixando pegadas
Que o vento esbateu!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A ESPERA...

Passo a passo
Vou-me aproximando
Lentamente
Porque a dor
A mais não permite
E fico
Medrosa
Ollhando os rostos
Que me cercam.
A dor e o desânimo
Rodeia aquela sala,
Olhares distantes
Apagados...
Revejo-me naqueles olhos sem brilho
Sózinha,
Sinto-me desamparada
As pernas trôpegas
Da noite de insónia
Mais uma vez,
Apenas a caneta
É a minha companheira.
Aguardo o meu nome
Naquele microfone...
Mais uma queda
Programada no meu caminho.
O corpo dorido
A alma em pedaços
Neste momento,
Sinto-me um corpo sem alma
As acusações
Martelam-me
As palavras doem
E eu fico
Presa e só
Naquele espaço...
Meu Deus
A falta que me faz um abraço!